Artigo: O cometa Iracema Vale 

Há momentos raros na política e também na própria história do Planeta Terra. A humanidade poderá observar pela primeira vez a passagem do cometa C/2022 E3 (ZTF), de brilho esverdeado, que se aproxima da Terra após 50 mil anos. Essa semana também aconteceu não só um momento raro, mas como único na política maranhense, uma mulher presidir a Assembleia Legislativa do Maranhão.

Trata-se da deputada estadual Iracema Vale, do PSB, eleita primeira presidente mulher da Assembleia Legislativa. E nem é o único marco que Vale registrou nos 188 anos da Casa legislativa. Ela também é dona da maior votação de toda história do parlamento no Maranhão, com exatos 104.729 votos.

Quando o cometa C/2022 E3 (ZTF) passou pela Terra, há 50 mil anos, nosso planeta ainda era habitado pelos neandertais, uma espécie prima humana extinta. Há 188 anos, o parlamento era preenchido pela política primitiva, pensamentos primatas, que não enxergavam na mulher um espaço de destaque. A atual legislatura, sob o comando de Iracema Vale, também marca a maior bancada feminina, com 12 mulheres eleitas.

Abastecida da confiança do governador do Maranhão, Carlos Brandão, também do PSB, Iracema Vale orbitou em torno do Palácio dos Leões para garantir chancela necessária para romper outro preconceito (ausente do Regimento Interno) de uma deputada recém eleita, de primeiro mandato, presidir o Poder Legislativo maranhense. Resguardando ainda as raridades da política, nessa primeira sessão legislativa de todas as Assembleias do Brasil, Iracema configura-se solitariamente como a única mulher.

Movimento necessário incentivado por Brandão. Na coletiva de imprensa, bom lembrar, Brandão esteve cercado de mulheres, diferente das fotos de chefes do executivo que sempre estão cercados, em sua imensa maioria, de homens.

Para o bem da política, os paralelos de Iracema com o cometa C/2022 E3 (ZTF) devem parar por aqui. Pois, no caso do cometa, essa pode ser sua última vez no sistema solar. Cientistas calculam que ele deve mergulhar no universo profundo e nunca mais poderá retornar para órbita do nosso Sol. Que não seja a primeira e última vez de uma mulher no comando do legislativo maranhense.

Por Matias Marinho, jornalista

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