O resultado de julgamentos das ADIs (Ações Diretas de Inconstitucionalidade), que tem como objeto a possibilidade de nova reeleição dos presidentes de Assembleias Legislativas, foi o bastante para o presidente Othelino Neto (PCdoB) soltar fogos de artifício. Os julgamentos aconteceram nesta quarta-feira, 07.
Mesmo sendo julgado somente as ADIs do Paraná e Mato Grosso do Sul (ADIs 6688, 6714, 6698 e 7016), Amapá, Pernambuco e Piauí (ADIs 6683, 6718, 6686, 6687 e 6711), Othelino garante que os casos resolvidos se encaixam no imbróglio do Maranhão.
Mas a questão não é essa.
Ao comemorar uma virtual vitória nos tribunais, Othelino Neto manda um recado muito claro para o maranhense: a cadeira de presidente é “sua por direito pétreo”, uma conquista irrevogável.
Mesmo com a vitória na Justiça, Othelino tem outras duas batalhas a conquistar. A primeira, talvez a mais importante, a política. Apesar de parecer, Othelino ainda não sacramentou a unidade pretendida e, também, não é consenso no entorno do Palácio dos Leões.
A terceira é seu próprio discurso, de que busca, assim como o Governo, a unidade do grupo e que a eleição seja sem fissuras, como aconteceu na Famem. Neste último ponto, o histórico de Othelino anula essa possibilidade de coerência.
Desertor – O desembarque de Othelino da candidatura do senador Weverton Rocha (PDT) ao Senado Federal nunca foi motivo de abalo entre os dois desertores de 2020. A estrutura, da Alema, em favor do senador pedetista nunca foi desmontada.
As munições contra a candidatura de Brandão, por muitas vezes, eram remetentes do Palácio Manuel Beckman. Weverton não teve baixa no poder de fogo, só no voto, como mostrou nas urnas.
O presidente Othelino, quando faz as contas de quantos votos tem, os primeiros que aparecem na lista são de deputados ligados ao senador Weverton, mesmo que muitos deles já demonstram que não querem se indispor com o Palácio dos Leões e que “eleição já passou”. O senador tem trabalhado para não dispersar os seus “fiéis”.
Se voltarmos para o início deste texto, Weverton também tem um dedinho de contribuição. O senador ajudou a conquistar o entendimento jurídico que garante como legal a perpetuação de um deputado em uma Casa legislativa.
É com o advogado Willer Tomaz, influente em Brasília, que Othelino tem contado para sacramentar uma vitória nos tribunais. As reuniões para definir os próximos passos da estratégia de defesa acontecem no luxuoso escritório de Tomaz.
O experiente advogado Willer Tomaz também é empresário da radiodifusão. Foi no Maranhão, por intermédio de Weverton, que Tomaz virou dono do Sistema Difusora. O mesmo sistema de comunicação que foi agraciado com um contrato milionário com a Assembleia, sob a gestão de Othelino. Só este ano, Othelino autorizou mais de R$ 6 milhões para a TV de Willer Tomaz. Ao todo, foram mais de R$ 8 milhões.
Se depender das conexões de todos esses interesses envolvidos, Othelino pode confirmar seu direito irrevogável de comandar o Poder Legislativo. E o povo? Pode assistir por mais dois ou quatro anos, a depender da sanha de poder do chefe do Legislativo.