Flávio Dino não consegue emplacar Ney Bello no STJ; Lula também perde

A formação das listas para as vagas no STJ (Superior Tribunal de Justiça), votadas pelos ministros na manhã de hoje (15), revelou o peso e a organização do centrão no Judiciário. 

Assim como na política, o centrão no Judiciário não é um grupo fixo, mas uma coalizão poderosa que, mesmo com diferenças internas, age estrategicamente nos momentos cruciais para manter e expandir sua influência. 

A escolha dos dois novos ministros do STJ simboliza mais uma derrota significativa para o presidente Lula e seu principal articulador jurídico, o ministro do STJ, Flávio Dino.

Dessa vez, o centrão, sob a liderança do ministro Kassio Nunes Marques, do STF, e do presidente da Câmara, Arthur Lira, mostrou sua força. 

Ambos são peças-chave desse bloco que tem dominado não apenas o Congresso, mas também as articulações nos tribunais superiores. O governo de Lula tinha dois nomes em jogo: Rogério Favreto e Ney Bello (foto em destaque), este último sendo uma aposta pessoal de Dino. 

No entanto, a articulação comandada por Kassio, com o apoio de ministros influentes como Francisco Falcão e Antonio Carlos Ferreira, garantiu que nenhum deles chegasse à lista final.

A primeira vitória do dia foi a inclusão de Carlos Brandão, aliado de Kassio e que compartilha a mesma origem no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1). Brandão é visto como uma figura central desse grupo dentro do TRF1, e sua eleição foi o prenúncio da derrota dos candidatos do governo. 

Nos escrutínios seguintes, a situação de Favreto e Ney Bello se deteriorou, demonstrando a habilidade política do centrão em impedir que qualquer dos dois nomes avançasse.

No final, duas mulheres entraram na lista: Daniele Maranhão, do TRF1, com trânsito entre diferentes grupos, mas aliada de Kassio, e Marisa Santos, do TRF3, que garantiu a última vaga em uma votação apertada. Favreto e Ney Bello, apesar do apoio do governo, ficaram de fora. 

A exclusão de Ney Bello foi um golpe direto na influência de Flávio Dino, que havia trabalhado intensamente por sua indicação, contando com o apoio de figuras como Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes.

Essa derrota é mais um exemplo das dificuldades que Lula tem enfrentado, tanto no Judiciário quanto no Congresso, para conseguir emplacar seus aliados. 

No STF, ele tem a liberdade de nomear diretamente, como fez com Cristiano Zanin e Flávio Dino. Mas, para os demais tribunais, a dinâmica é diferente. O presidente depende das listas tríplices e da habilidade de negociação, algo que se mostrou insuficiente neste caso. 

O centrão dominou o processo no STJ, frustrando os planos de Lula e Dino.

Agora, Lula pode optar por Marisa Santos, a única alternativa fora da órbita de Kassio e Lira, mas isso pode ter custos elevados. Uma escolha que desagrade ao centrão pode resultar em mais dificuldades em futuras nomeações e no relacionamento com o Congresso. 

Por outro lado, aproximar-se de Kassio e seu grupo pode ser uma saída estratégica, reconhecendo a força dessa coalizão que domina Brasília.

Enquanto isso, o cenário para a vaga destinada ao Ministério Público foi mais previsível. Sammy Barbosa, apoiado por Mauro Campbell, corregedor Nacional de Justiça, obteve ampla votação, ao lado de Marluce Caldas, que recebeu forte apoio de Lira e do ministro Humberto Martins. 

O governo conseguiu emplacar Carlos Frederico Santos em terceiro lugar, mas sua escolha enfrenta obstáculos no Senado, devido à sua atuação nas investigações dos eventos de 8 de janeiro, o que o torna alvo de resistência dos bolsonaristas.

A derrota de Ney Bello marca um revés para Flávio Dino e uma clara demonstração de que, no Judiciário, o centrão segue controlando os principais movimentos. Lula agora terá que lidar com as consequências políticas dessa derrota, seja no STJ, seja no Congresso.

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