Como fica a bancada do PCdoB, na Assembleia, com a saída de Flávio Dino?

O Partido Comunista do Brasil começou a ganhar corpo de uma grande agremiação partidária [local] desde a chegada do candidato [eleito] à deputado federal Flávio Dino, nas eleições de 2006. Já quando o PCdoB tomou o Palácio dos Leões das mãos da Família Sarney, no ano de 2014, o partido despertou o interesse da classe política, que enxergava na legenda comandada pelo governador Flávio Dino e o Márcio Jerry, coordenador de campanha e secretário do primeiro governo, um espaço de blindagem política.

Da esquerda para direita: os deputados Adelmo Soares, Ana do Gás, Carlinhos Florêncio, Othelino Neto e Professor Marco Aurélio

No controle das decisões político-administrativas do Estado, os comunistas do Maranhão passaram a comandar dezenas de prefeituras. Houve um inchaço nas eleições de 2016. Até aquele pleito, o PCdoB só tinha 14 prefeituras e conquistou 46 prefeituras naquela eleição. O PCdoB foi seguido pelo PDT (28 prefeitos) e PMDB (23 prefeitos). 

Com o falecimento do presidente da Assembleia Legislativa, Humberto Coutinho, em 1 de janeiro de 2018, o deputado estadual Othelino Neto (PCdoB), então vice-presidente, ascendeu à cadeira principal do parlamento. O partido passou a concentrar ainda mais poder, o que contribuiu no interesse de candidatos daquele pleito ao partido comandado, à época, pelo governador Flávio Dino.

Na re-eleição de Flávio Dino, em 2018, ainda com coligações partidárias permitidas, visando cadeiras no legislativo estadual, o PCdoB obteve 431 mil votos e elegeu uma bancada de seis deputados estaduais na Assembleia Legislativa do Maranhão. Duarte Júnior, Othelino Neto, Carlinhos Florêncio, Professor Marcos Aurélio, Ana do Gás e Adelmo Soares conquistaram uma cadeira no parlamento. Desta lista, apenas o deputado estadual Duarte Júnior (Republicanos) não é mais filiado ao partido. 

A bancada comunista da Assembleia Legislativa corre o risco de definhar com a saída de seu maior nome até então. O crescimento maranhense não aconteceu nacionalmente. Com interesse de projeção nacional e com “diferenças de estratégia e tática”, como definiu na despedida, o governador Flávio Dino deixa o partido pelo medo da sigla ser engolida com as novas regras eleitorais.

Sem o rugido dos Leões ao seu favor, comunistas podem tomar novos rumos

Dino, além de deixar o partido, também deixará o Palácio dos Leões em abril de 2022. O redesenho dos grupos políticos que fazem o arco de aliança do Governo Flávio Dino também devem influenciar para murchar a onda vermelha que tomou conta do Maranhão, principalmente nos últimos oito anos. O presidente da Alema, Othelino Neto, blindou para que os deputados não assediassem o Governo nestes últimos anos e, principalmente, aprovou matérias impopulares sem muita discussão, pautando o interesse dinista no parlamento. 

Isso não garante, no entanto, uma fidelidade de Othelino à legenda e nem a Flávio Dino. Othelino tem ambição pela mesma cadeira que Flávio já disse que é sua:  a do Senado Federal. Se Dino confirmar candidatura ao Senado, Othelino parte para a reeleição a deputado estadual e apoia o ex-líder comunista. O seu destino partidário, porém, podem ser estes: permanecer no partido, acompanhar Dino no PSB ou ir para o PDT. A ida de Othelino ao PDT está condicionada ao apoio do governador ao seu sucessor. O Palácio Manuel Beckman trabalha no projeto político do senador Weverton Rocha, no intuito de levá-lo para outro palácio, o dos Leões.

Já o deputado estadual Professor Marco Aurélio (PCdoB), que foi candidato a prefeito de Imperatriz, acredita na capacidade do partido manter uma base na Assembleia e na Câmara Federal. “Estou certo do seu [de Flávio] compromisso para o PCdoB eleger uma significativa bancada de deputados estaduais e federais, trabalho que será  capitaneado pelo presidente Márcio Jerry”, disse Marco Aurélio à Carta Política. Aurélio disse ainda que a desfiliação de Flávio não significa o afastamento do partido. O vereador de São Luís, Paulo Victor (PCdoB), também acredita que essa proximidade possa perdurar. Ao programa Xeque Mate, da Mais FM, o vereador disse que “Flávio Dino sai do PCdoB, mas o PCdoB não sai dele”.

Mesmo acreditando em um partido forte, Marco Aurélio não descartou a possibilidade de sair do PCdoB. “No momento certo, avaliarei sobre a possibilidade de também mudar de partido. É uma ampla discussão, que precisa ser dialogada, pois estou no partido desde 2009 e temos uma grande trajetória juntos”, disse. Segundo Marco Aurélio, a saída, se acontecer, será dialogada com o grupo e será no momento da janela partidária. 

O partido está prestes a completar 100 anos e corre o risco nestas próximas eleições. Não foi a primeira vez. Depois das eleições de 2018, o PPL teve que ser incorporado ao PCdoB para que o partido alcançasse a cláusula de barreira. O presidente do PCdoB no Maranhão, Márcio Jerry, defende a federação partidária. O assunto está sendo tratado na Câmara dos Deputados e pode ser definido nos próximos dias. Esse instituto jurídico pode ser a saída dos comunistas. Sem o poder nas mãos, o PCdoB do Maranhão vai sobreviver?

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