Para trabalhadores informais, auxílio emergencial representa aumento de 50% na renda mensal

Impacto do auxílio foi maior em parcela de trabalhadores menos escolarizada e de estados do Nordeste e Norte do país

BRASIL – Os trabalhadores brasileiros tiveram um aumento de 24% na sua renda com o auxílio emergencial do Governo Federal durante a pandemia de Covid-19. No caso de empregados informais (sem carteira assinada), o aumento de renda proporcionado pelo auxílio chega a 50%, passando de uma média de R$1.344 para R$2.016. A análise, feita por pesquisadores do Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGVcemif) e divulgada em relatório nesta semana, mostra que o auxílio conseguiu compensar a perda de renda do trabalhador durante esses meses de pandemia que foi, em média, de 18% se desconsiderado o auxílio.

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No levantamento, os pesquisadores estimaram os efeitos negativos da pandemia sobre a renda domiciliar dos brasileiros e avaliaram se o auxílio emergencial de R$ 600 ou R$ 1.200 compensou esses efeitos. Pago, no momento, a cerca de 64 milhões de brasileiros, o auxílio recebeu um total de 104 milhões de solicitações. Os pesquisadores fizeram essas estimativas a partir dos dados coletados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Covid-19 realizada em junho de 2020 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), contendo informações de trabalhadores informais e formais que receberam o auxílio emergencial. Para estimar a perda de renda domiciliar em recortes como gênero e escolaridade, os pesquisadores incluíram os desempregados na análise.

Os efeitos do auxílio variam bastante conforme os tipos de trabalho analisados. Cabeleireiros, vendedores ambulantes, motoristas de aplicativos, taxistas e comerciantes estão entre os sete tipos de trabalho mais afetados pela crise econômica, com uma perda de renda superior a 30%. Com o auxílio emergencial, o aumento de renda de auxiliares de agropecuária, empregados domésticos e diaristas, auxiliares de limpeza e agricultores foi superior a 50%. O relatório ainda mostra que os maiores efeitos do auxílio sobre a renda se concentram em estados do Nordeste e Norte do país e na parcela de trabalhadores menos escolarizada. As mulheres também foram mais beneficiadas pelo aumento de renda.

Os dados do estudo mostram que, sem a existência do auxílio emergencial, os empregados informais teriam sido quase 2,5 vezes mais penalizados pela queda da atividade econômica do que empregados formais. Com o auxílio, a renda dos que não possuem carteira assinada chegou a uma média de R$2.016, enquanto a renda dos formais, que era de R$2.031, passou para R$2.640 em média, o que representa um aumento de 30%.

Segundo Lauro Gonzalez, um dos autores do estudo, “o efeito sobre a renda de um auxílio de R$ 600 ou R$ 1200 mostra quão pobre e desigual o Brasil é. Não é que os ganhos de renda tenham sido excessivos com o auxílio; a renda do trabalhador brasileiro é tão baixa que R$ 600 fazem diferença”. Ele considera que o cenário positivo depende do contexto e do modo como o governo federal irá conduzir as políticas econômicas nos próximos meses. “Caso desemprego e perda de renda se aprofundem, os efeitos de aumento de renda pelo auxílio emergencial diminuirão. A indefinição sobre a continuidade de algum tipo de auxílio, sobretudo considerando a política de ajuste fiscal perseguida pelo governo, também pode afetar esse cenário”.

De Bori

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