A vida cigana de Allan Garces e o que fez ele abandonar sua pré-candidatura em São Luís

O rescaldo da ida de Allan Garcês ainda respinga n’A Carta Política deste sábado. Empossado na última sexta (2) como secretário estadual de saúde do estado de Roraima, o médico bolsonarista Allan Garcês escolheu bem seu novo território de atuação política. Explico mais à frente. Pode-se dizer que o médico é também uma espécie de cigano, tendo passaporte para começar uma nova vida em outro território sem olhar para trás. Sem arrependimentos.

O médico é (era) uma das vozes mais atuantes da “União da Direita Maranhense”, movimento que apoiou o impeachment da presidente Dilma e que também vestiu literalmente a camisa de Bolsonaro no Maranhão. Na última eleição foi candidato a deputado federal pela sigla do presidente Bolsonaro (à época estava no PSL), não teve êxito na sua investida. Talvez por sua voz não ter tido eco na direita do Maranhão, ou mesmo, por não ter encontrado ouvidos aguçados pela ideologia (mais à direita) deturpada pelo atual presidente.

Leia também: Foi por isso que Allan Garces teve título de cidadão maranhense negado pela Alema…

Acontece que não saiu pequeno comparado aos demais companheiros de partidos e órfãos de Bolsonaro. A candidata de Bolsonaro ao governo do Maranhão, Maura Jorge – por exemplo, demorou para ser abrigada na cintura do bolsonarismo. Teve um novo emprego com a ajuda do senador Roberto Rocha (PSDB), que conseguiu ter uma relação pessoal com o presidente e emplacar a conterrânea. Outros invasores do PSL e mestres-salas de Bolsonaro do Maranhão também não tiveram abrigo logo de início.

Não foi o caso de Allan Garces!

Foi convidado para a equipe de transição do governo Bolsonaro / Guedes / Moro para depois assumir uma diretoria no Ministério da Saúde. Tentou vender o status pomposo do cargo e se mostrou como a voz do Bolsonarismo no Maranhão e logo tratou de se lançar pré-candidato a prefeito de São Luís depois de fraquejar na corrida eleitoral à vereador da capital (1530 votos) e também a deputado federal pelo Maranhão (20.288 votos), imaginou que no colo de Bolsonaro teria espaço para uma futura candidatura competitiva.

Não aconteceu.

Viu que no Maranhão ou os índices de rejeição (de Bolsonaro) mantiveram-se ou em outros momentos teve uma acentuada. Se a vida de Bolsonaro, na cadeira de presidente, não melhorou pelas bandas de cá, imagina a situação política do médico paraense que esperava prosperar politicamente ao lado de Bolsonaro.

O sinal verde acendeu!

O governador de Roraima, Antônio Denarium (PSL), convidou o então diretor da Secretaria de Gestão Interfederativa do Ministério da Saúde para assumir a pasta da Secretária Estadual de Saúde (Sesau), substituindo a advogada Cecília Lorenzom. Conforme trouxemos ontem para A Carta Política, o Allan Garces já tomou posse (foto).

A ‘cartada’ de Allan foi certeira. O terreno de Roraima é fértil para o seu crescimento político. Lá, diferente do que aqui, Bolsonaro obteve 71,55% dos votos contra 28,45% do Fernando Haddad (PT). Ganhou em 12 das 15 cidades de Roraima.

A onda bolsonarista no estado foi alimentada pela rejeição à migração dos venezuelanos. O governador Antônio Denarium, inclusive, foi nomeado interventor pelo então presidente Michel Temer (MDB).

É difícil, mas não imprevisível, afirmar os próximos passos de Allan Garcês no cenário político regional e brasileiro. Em São Luís, é carta fora do baralho. Pode funcionar como um rival das redes sociais do governador Flávio Dino (PCdoB). Mas que em Roraima a ascensão ao poder de Allan Garcês pode ser exitosa, não se pode duvidar.

One thought on “A vida cigana de Allan Garces e o que fez ele abandonar sua pré-candidatura em São Luís

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *